Ouço a voz da sabedoria
Espero na porta
Um olho no céu
Outro no chão
É a voz da sabedoria
Eu olho pro cê
A chave, eu a tenho
Na palma da mão
Sobre tudo
Sobrevôo
Um sopro tolo…
De lá
Daqui
Vou solto e nú
Espírito do nada
Que cria tudo,
E em cada um
De todos nós
Mesmo antes
E durante
E muito depois
Da sedução
Do tempo
Ainda é nada
E não tem falta
De ser;
E se quiser
Também não ser
Nada de maldade
Por que a idade
Avançada rejeitou
A autoridade
Cheia de desejo
Na terra,
Em chamas,
Água e vapor
Porém vazia
De duradoura
Paz ou amor
Finjo corpo
Finjo pessoa
Não conduzo
Nem sigo…
Sou
E já não importa
Se sim sou
Ou se não
Sou
Sem direção
Ou qualquer perigo
Tudo sai daqui
E volta…
Como se a estrada
Fosse até ali na esquina
E já virasse contramão
Cá está
A voz da sabedoria
Pra contar a estória
De que não sou réu
Mesmo que seja essa
A trajetória
De viver tal mal hábito
Tão rude e tão cruel
E juiz tampouco
Porque outrora louco
E porque já não faço
O que muito fiz
Calo-me agora no íntimo.
Sem laço
À qualquer luz
Sombra ou matiz
Ó luz da sabedoria
Levanta o teu véu
Pra gente aqui ver…
Confirmar
O que intuía
Mas até agora
Não sabia
Palhaço sem Graça
Quer fazer negócio.
Ignóbio da praça
Que a sabedoria
Há muito
Tirou do óscio
Quer comprar um palácio
Palácio sem teto
Sem tudo
Com nada
Contudo
Sem nada
Do que queria.
Exceto,
Quem diria,
A sabedoria
Seja
É
É feita
A Vossa
Vontade
De quem seria?
Essa voz?
A voz da sabedoria?
Ouço a voz da sabedoria
Não era um porta não
Quem diria
Sou a voz da sabedoria
Sou, és, sois
E todos são